Experiências ao redor da mesa

Em casa, cada um tem um horário e faz suas refeições no horário que lhe convém, não   importando ou não se atentando para o horário dos demais integrantes da família.

Em tempos de vida agitada, quando corremos todos os dias contra o relógio para darmos conta de todas as atividades que nos são demandadas, por vezes atropelamos as oportunidades de comunhão em família. Quando os filhos são pequenos, por vezes nos preocupamos em dar-lhes alimento, o que é diferente de fazer uma refeição juntos. 

Se, porém, sentamos à mesa numa coincidência de agendas, cada um está com seu celular à mão ou com a televisão ligada, distraindo e tirando o foco uns dos outros. Estamos deixando a vida passar sem nos dar conta do tempo que estamos desperdiçando, não desfrutando da comunhão em família.

Quem você quer ao seu lado?

Há algumas semanas, assisti um vídeo no qual alguns casais entravam em uma sala, um de cada vez. Um entrevistador lhes perguntava com quem eles gostariam de desfrutar de aconchegante jantar, sendo uma pessoa viva ou já falecida, hipoteticamente. As respostas foram das mais diversas entre marido e mulher. Citaram nomes como Elvis Presley, Marilyn Monroe, Justin Biber e outros. 

Em seguida, era-lhes mostrado um vídeo no qual seus filhos, crianças e adolescentes entre 6 e 12 anos, que tinham sido gravados entrando na mesma sala. A eles foi feita a mesma pergunta. Para a imensa e embaraçosa surpresa dos pais, os filhos respondiam que desejariam ter um jantar especial com papai e mamãe. Por razões óbvias, a emoção tomou conta dos adultos ao se darem conta de quão importante para seus filhos, terem uma refeição juntos. 

O estar presente é como um presente

Os filhos desejavam apenas um lugar à mesa com eles, sem presentes caros, sem restaurantes renomados. O fato é, que o investimento emocional é mais importante que o material. A Palavra de Deus nos mostra em Êxodo 25:23, as orientações especiais de Deus a Moisés, para a construção da mesa dos pães da proposição. 

Nossa experiência hoje, de compartilhar uma refeição em família nos permite apreciar melhor o simbolismo daquela mesa. Posicionada ao lado direito de quem entrava no Lugar Santo, era feita de madeira de acácia e revestida de ouro puro. Ela simbolizava a aliança prometida por Deus, de cuidar de seu povo, provendo-lhes o sustento diário, como foi o maná no deserto. 

Ao redor da mesa celebra-se íntima comunhão

Na Bíblia, assim como em algumas culturas até os dias de hoje, uma refeição compartilhada à mesa, destaca um tempo de íntima comunhão entre as pessoas, como selo de alianças e de compromissos. Em Êxodo 24:10 e 11, Moisés e os anciãos participam de uma refeição, no momento em que selam um voto de fidelidade a Deus. No Novo Testamento, I Coríntios 11:24 está a santa ceia, outro exemplo marcante, que aponta para outro momento especial e único, selado com uma refeição. Então, a reflexão que nos toca, é quanto ao nosso entendimento da importância do momento em família à mesa.

Refeição compartilhada também partilha emoções

 Ter uma refeição juntos é muito mais que simplesmente consumir alimentos. Isso os animais também fazem. No núcleo familiar cristão, o que mais importa nos encontros ao redor da mesa, são os laços sentimentais de dependência emocional e fortalecimento das relações de carinho e afeto. O momento da refeição pode ser um tempo precioso para tais finalidades. 

Além de os pais poderem observar o que seus filhos estão comendo, no caso dos pequenos, orientando-os quanto à nutrição adequada, podem também olhar nos olhos deles e identificar angústias, muitas vezes não expressas em palavras, mas perceptíveis no semblante. Ao se assentarem, todos podem expressar em família a gratidão pelo que têm recebido de Deus e pedirem pelos motivos e necessidades que tocam a todos, como decisões a serem tomadas ou situações a serem enfrentadas.

Ao redor da mesa, experiências extraordinárias

O momento das refeições acaba sendo uma valiosa oportunidade de abrirmos portas para diálogos com nossos filhos e estimulá-los a expor sentimentos. Como pais, podemos verificar o andamento da caminhada espiritual dos filhos, seu amadurecimento e suas as experiências com Deus. Não deixemos passar as oportunidades de celebrar com nossos queridos, momentos inspiradores e marcantes para eles. 

O tempo é o bem mais precioso e democrático que existe, e cabe a cada um de nós, usá-lo bem. Basta reavaliar nossa conduta, estabelecer as prioridades certas e, assim, desfrutar da melhor experiência possível à mesa.

Gerson Rolim, ministro no Rede Família